domingo, 7 de setembro de 2008

A Cegueira de Saramago

Olá a todos!

Quando o vendedor da livraria me disse que "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago era uma estória tão original, envolvente e ao mesmo tempo tão perturbadora quanto "A Metamorfose" de Franz Kafka não achei que fosse pra tanto. 

Pois bem, cá estou, após alguns meses em posse do livro e pouco mais de metade do romance lido. Não foi por falta de vontade que ainda não o lí por inteiro, mas o tempo está cada vez mais curto e ainda preciso compartilhá-lo com tantas outras coisas...

Bem, isso não importa , o importante é que até o ponto em que estou no romance pude constatar que as palavras do vendedor eram totalmente legítimas.

A estória é muito bem elaborada e o seu desenrolar é contado de forma brilhante pelo autor. 
Ela nos coloca dentro de um mundo em que fica difícil de imaginar que qualquer ser-humano seja capaz de surportá-lo.

Imaginem-se todos cegos de um instante para outro, infectados um a um por uma epidemia de cegueira "branca" contagiosa. Imaginem-se então sendo todos obrigados a conviver amontoados como animais em condições talvez somente encontradas nos campos de concentração de judeus durante a Segunda Grande Guerra.

Agora imaginem as diversas situações desesperadoras em que a privação da visão pode proporcionar a todos que alí estão a merce de sua própria sorte. Conseguem imaginar algo neste momento? Que tal nunca mais poder tomar banho? E as necessidades mais básicas como ir ao banheiro? E se as pessoas começassem a fazê-las pelos cantos, nos corredores, em sua camas? Como dividir algumas migalhas de rações fornecidas pelo governo sem que isso vire o caos. E os mortos que vão surgindo a todo momento?

Eu disse o caos. Talvez seja esse um dos temas do livro. Mas o livro vai muito além dele, tratando das questões morais que cercam todos os personagens alí envolvidos, fazendo nos refletir quais seriam as nossas ações se colocados a prova como aqueles pobres infelizes.

As vésperas da estréia do filme de Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus, fica a espectativa de um grande livro dirigido para o cinema por um grande diretor.

Sou da opnião de que nenhum filme jamais será como a obra original de um bom livro, mas acredito que o filme terá muito de interessante a contar pra não receber ao menos um "bom".

Pra quem não o leu ainda, fica dado o conselho. Pra quem curte cinema bom como eu, me arrisco a dizer que o filme tem potencial para ser uma das melhores obras deste ano.

Bom, vamos aguardar, agora falta pouco. Enquanto isso vou saboreando devagar meu bom e velho livro.

Até!

Segue o trailer:


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